MEMÓRIAS
Porto Alegre, 04 de junho de 2012

Madrinha,

Escrevo para dizer que hoje vivo em uma casa de paredes coloridas... esperei 29 anos por isso... mas me dei de presente uma casa de paredes coloridas.


Só que isso não basta. Queria poder te mostrar. Queria teus palpites que, provavelmente, eu não aceitaria; tuas cores que, provavelmente, eu não gostaria; tuas opiniões que, provavelmente, eu diria que consideraria mas faria o contrário.

Enquanto tu viveste eu sempre concordei; mas, hoje, penso que discordaríamos em muitas coisas. Teria de ser diferente nosso relacionamento, porque eu sou diferente. Provavelmente tu também serias. O tempo passou... e já foram longos 06 anos -- mas não teve um dia no qual eu não lembrasse ou pensasse em ti, ou no que tu achas sobre o que estou fazendo.

Tu não tens noção do quanto eu gostaria que realmente pudesse ler essa carta.

Essa coisa de saudade é uma droga. Eu olho minha casa todos os dias e fico feliz e triste ao mesmo tempo. Não tenho como não pensar que tu NUNCA verás! Eu NUNCA poderei te convidar pra jantar na minha casa. NUNCA.


Tu nunca verás eu ter comprado um carro, um apartamento, ido a 02 shows do Chico (como tu foste da Elis), ido a Montevideo, Buenos Aires. Nunca saberás que eu passei um ano novo maravilhoso na beira da praia em Copa, nem que fui sozinha ver o Fantasma da Ópera em SP (que combinamos ir juntas)... e chorei a peça inteira de saudades tuas.

Às vezes penso que tu tinhas uma noção muito clara do quanto eras (e és) importante. Às vezes acho que não. Tu fazes uma falta! Não acredito em coisa alguma após a morte. Acredito que termina. E terminou tua estada nesse planeta. Mas, pode ser clichê ou o que mais quiserem dizer, viverás sempre nas memórias do meu esquecimento.

Foste tudo que eu quis e tudo que eu precisei. TUDO! A tia genética e a MADRINHA escolhida...

Saudades muitas e infinitas,