MEMÓRIAS
“Eu só quero saber em qual rua minha vida vai encostar na tua...”
Passei anos buscando por uma esquina ou uma ponte que ligasse minha vida na tua. Nunca as encontrei, nossas vidas sempre foram paralelas. Não sei bem como nem por que, certo dia, as paralelas começaram a se afastar tal qual pernas de bailarina num espacate. E se afastaram tanto que formaram uma linha reta: tua vida continuação da minha, encostadas e juntas pra sempre. Problema resolvido.
MEMÓRIAS
"Nesse exato momento não faço idéia de quem sou, o que sei é que, daqui a um tempo, um bom tempo, vou lembrar de hoje e ter a certeza de quem fui. Assim como nos tempos de escola..."
Tenho indicação que a autoria é da Martha Medeiros, mas não consegui confirmar com uma fonte confiável. Enfim.... não sou muito fã dela, não. Mas a frase é verdadeira.
É sempre mais fácil definir quem fomos do que quem somos. O tempo e o fato de não mais sermos nos dá uma certeza incrível. É mais confortável (acho que essa é a palavra) definirmos aquilo que não mais somos. Difícil é enfrentar a realidade do atual, presente. O que realmente somos e, às vezes, preferiríamos não ser.
Vai saber!
MEMÓRIAS
Há muitos anos conheço a parte final desse poema... na verdade, sempre achei que fosse composto só das duas últimas partes que, aliás, escrevi na contra-capa da minha agenda em 1998. Adorei a novidade nova de descobrir o poema inteiro. Posto.
É sempre no passado aquele orgasmo,
é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.
É sempre no meu peito aquela garra.
É sempre no meu tédio aquele aceno.
É sempre no meu sono aquela guerra.
É sempre no meu trato o amplo distrato.
Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.
É sempre nos meus pulos o limite.
É sempre nos meus lábios a estampilha.
É sempre no meu não aquele trauma.
Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.
by Drummond
MEMÓRIAS
O mundo seria um grande teatro e o concepcionista um criador de personagens que duram apenas 24 horas.
"Mandamentos":
1. Morte ao ego;
2. Ser uma nova personalidade a cada dia;
3. Toda memória deve ser apagada;
4. O dinheiro deve ser abolido;
5. A humanidade está doente, o concepcionismo é o caminho para a cura;
6. O concepcionista é uma fraude que dura 24 horas;
7. O caminho do excesso leva ao palácio da sabedoria;
8.?
9. Voa!
10. Tudo o que foi dito deve ser esquecido agora...
... inclusive isso que estou dizendo agora...
MEMÓRIAS
E passou o 1º de abril e eu nada escrevi. Tenho pensado muito sobre o quão cínicos nos tornamos. Sei que isso também foi um episódio de Sex and the City, mas não lembro a conclusão que a Carrie chegou. Eu só sei que tenho pensado nisso.
Somos obrigados e multiplicar nossas personalidades de acordo com o local e adequar nossos comentários, pensamentos, impressões, opiniões, sentimentos em busca de bem-viver em sociedade. Mas isso não nos torna cínicos e patéticos? Será que não dizer o que se pensa relamente é sinônimo de falsidade ou mentira? Devemos sempre dizer a verdade?
E mais: se nos apresentamos de tão diferentes formas, quem realmente somos? E sempre volto pra essa pergunta sem resposta...
Localizei uma frase interessantíssima de Voltaire:
"A mentira apenas é um vício quando faz mal; é uma grande virtude quando faz bem."
Então, sejamos todos bons mentirosos!