MEMÓRIAS
Pois é... Dizem --e eu também-- que eu nunca choro; pois hoje chorei. Chorei pela mais profunda tristeza de viver no país em que vivo. O Brasil é uma merda!!! As pessoas que vivem aqui não possuem a mais vaga noção do que foram os anos de ditadura [que, aliás, de ditabranda não tem coisa alguma]. Não que eu tenha uma noção muito precisa, mas alguém tem noção do que é ter sido torturada?? Quais as conseqüências psicológicas e emocionais disso? Como superar?? Vi um filme brasileiro [Que bom te ver Viva] que lembrava que a psicanálise explica porque se enlouquece, mas não explica porque se sobrevive. Às vezes, acho que sou louca... às vezes, tenho certeza!!! 

Mas vi outro filme hoje... e este foi que me fez chorar. É um documentário que mostra o Nuremberg Argentino; não foi lançado no Brasil, só na Argentina, em 2003. Traz cenas reais do julgamento dos comandantes das juntas militares que governaram a Argentina na última ditadura. Pois bem... além de mostrar a cara daqueles senhores, mostra depoimentos de vítimas... de mulheres que foram torturadas e sobreviveram. Uma delas referiu que foi presa grávida, que a criança nasceu sem qualquer assistência médica em meio a uma cela ou sei lá o que... e mesmo diante dessa cena, eles levaram mais de 03 horas para cortar o cordão umbilical. Aqui comecei a chorar e fui ficando cada vez com mais raiva daqueles militares e dos nossos... e com mais ódio de ser brasileira... Afinal, o Brasil não teve um Nuremberg! Mas o que é pior é não há coisa alguma na nossa Lei de Anistia que tenha previsto a tal da reciprocidade que tantos afirmam ser a causa da ausência de investigação. Ou seja, parece uma inércia coletiva... ou a formação de uma [in]consciência coletiva no sentido de que devemos esquecer. Assim é que os arquivos permanecem fechados... Afinal, acaso se processe alguém, poucas provas conseguem ser reunidas.  

Sei que não posso viver passiva e inerte a tudo isso. Enquanto na Argentina se puniu, processou, condenou, prendeu; enquanto no Uruguai se busca prisões e processos por meio de plebiscitos.... no Brasil não se faz coisa alguma... inércia, passividade!!! Aquele primeiro filme que referi tem uma outra passagem muito interessante. A personagem-tema é uma mulher que sobreviveu à tortura e, dado momento, ela diz mais ou menos assim: "eles querem esquecer; só que esqueceram de me avisar que eu não podia lembrar". CHEGA!! QUERO PARAR DE PENSAR E COMEÇAR A FAZER!!! VAMOS VER POR ONDE COMEÇO... ACHO QUE PELOS PROCESSOS....
MEMÓRIAS
Há algum tempo penso sobre isso e sei que algumas pessoas acham um absurdo e uma falta de sinceridade isso que vou dizer. Mas, todos desempenhamos papéis todos os dias... às vezes, encenamos peças inteiras. Para o chefe, para os amigos, para o namorado, numa balada, na aula... somos a mesma pessoa e várias outras ao mesmo tempo. Cada uma para uma ocasião. Na verdade, não seríamos pessoas diferentes e, sim, manifestações de partes diferentes da mesma pessoa. Em cada situação, expomos uma parte diferente. Se formos prudentes, exporemos somente o necessário a cada ato. Afinal, cada relacionamento permite e necessita de condutas distintas. Até mesmo relacionamentos passíveis de serem classificados na mesma categoria: amizade, por exemplo. Com cada amigo é diferente: o que se pode dizer, o que se pode pedir, o que se pode questionar, até onde de pode palpitar... Isso, mais do que teatro, é expressão de educação, elegância e perspicácia para ter claro a linha divisória do limite agregado a cada relacionamento. Mas... às vezes... as várias pessoas que moram em nós se misturam, os limites são esquecidos ou abandonados e os riscos para o futuro do relacionamento em questão são grandes. Neste caso, ultrapassar limites... é perigoso!! Tem coisas que não devem ser ditas, nem perguntadas --sob pena de causar um grande e desnecessário mal-estar na relação. Tipo assim --para usar um exemplo tosco, mas que pode ser transposto para coisas mais sérias--, tenho amigas para as quais posso dizer com a maior tranqüilidade que odiei o sapato novo que compraram... e sei que elas não vão deixar de usar o tal sapato que acharam maaaaravilhoso só porque eu não gostei. Mas eu sei [e gosto de saber] que posso dizer sem causar ofensa alguma. E isso não significa que minha opinião pouco importe para elas, mas, sim, que nossa amizade é muito maior do que isso. Tem outras, que se eu disser que odiei a roupa nova que escolheram vão ficar ofendidas e me dizer que eu não as compreendo. Também entendo e respeito isso. Só que eu não sou parâmetro para essas coisas... pra mim, tudo tá tranqüilo... não me importo que dêem opinião sobre mim, só não presto muita atenção no que dizem... hehehe!! Ou seja, limites às vezes caem bem!!! Tãaaao bem...
Marcadores: 0 comentários | |
MEMÓRIAS
Pois é... hoje ouvi uma amiga dizer que adora os filmes do Rocky, do Stallone, pela mensagem que transmite. Eu também gosto dos filmes... ou, ao menos, do que me lembro deles: mensagem de determinação, de força de vontade, de busca de objetivos. Aí, ela me referiu uma frase do filme que, segundo ela, aparece no primeiro e parece que é repetida no último: "não importa o quanto se bate e, sim, o quanto se aguenta apanhar e continuar" (parafraseada, claro!). Achei a frase interessante e fiquei pensando... Não sei se gosto disso. Expressa uma forma meio passiva de ver a vida e o mundo. Tipo: não tem jeito mesmo tu vai apanhar da vida... quero ver é se tu consegue aguentar e ainda ser feliz. É horrível isso!!! Parece que é pegadinha... que tudo conspira para te sacanear... que o que dá certo é pura liga, pura sorte... Se for assim, então não adianta fazer coisa alguma... Se não importa o quanto tu consegues bater, então não bate!!! Sei lá, acho que importa saber levar a vida aguentando as dificuldades... ora as contornando, ora as enfrentado... mas, mais do que isso, importa agir, batalhar, literalmente ir à luta e bater forte!! Se não, o que resta para os sonhos?? Se é mais importante aguentar --já antevendo que se vai apanhar-- pra que sonhar?? Talvez eu nunca tenha prestado muita atenção nesses filmes mesmo ou, talvez, essa frase seja só mais um aspecto do filme aliado a outros. Sei lá. Não sei.
Marcadores: 0 comentários | |
MEMÓRIAS
Esses dias, eu estava lendo verticalmente um livro que eu ganhei no natal passado de uma amiga --ou seja, só dando uma olhada-- e encontrei uma frase bem interessante e que me fez pensar um pouco. O livro --que, aliás, quero ler todo-- é "Para além do bem e do mal", do Nietzsche. Um dos capítulos é composto de afirmações curtas e questionamentos direcionados... por isso o título do capítulo "Máximas e interlúdios". Bom... foi aí que vi a máxima 67: "O amor destinado a um só é uma barbaridade, porque se exerce à custa de todos os outros." É horrível dizer isso --e pior ainda postar aqui meu atestado de ignorância--, mas a primeira coisa que pensei foi que ele deveria ter passado essa máxima para dois números adiante. Minha primeira interpretação disso foi uma clara incitação à promiscuidade. Só que aí, pensei mais um pouco... Ora, promiscuidade não é expressão de amor!!!! De desejo, sim; de amor, acho que não. Aí, fui reler a frase com outro olhar... e concordo com ela. É claro que o amor não é e não pode ser destinado a um só. Seja este um o que for. Uma só pessoa ou até mesmo um só aspecto da vida. Afinal, ficar restrito a um só, além de impedir que se conheça e se aproveite o que mais há na vida de bom, torna a vida vazia e sem sentido com o desaparecimento deste ser amado. Veja: amor destinado a uma só pessoa... a pessoa morre; e aí?! amor destinado a uma só ocupação/trabalho ou só a isso em detrimento até mesmo das pessoas... e se não puderes mais trabalhar com isso??? Afora amores direcionados a coisas mais destrutivos... Mas aí teríamos que, novamente, questionar o que é amor... e aí a discussão iria muito longe. Mais restrita à máxima do Nietzsche mesmo, acho que o lance é ampliar e, não, restringir. E fazer tudo aquilo que proporciona prazer... amar tudo o que achar digno de ser amado e/ou tudo que for capaz de te despertar amor. Sem limites!! Totalmente over em busca da felicidade, ou melhor, do máximo acúmulo de momentos felizes... Acho que eu sou um pouco assim... ou quero achar que sou... sei lá....
MEMÓRIAS
Estranho o que as pessoas dizem: vida ou morte. Como se a vida fosse o oposto da morte. Na verdade, o nascimento é o oposto da morte... a vida não tem oposto. Simplesmente existe. Então, viva-a plenamente... e seja feliz!! Baita clichê... Como se fosse fácil ser feliz em um constante tomar de decisão, escolhas e mais escolhas que podem mudar a vida, o futuro... e ninguém sabe que conseqüências cada escolha terá... será que vai dar certo?? Mas... a propósito: o que é dar errado na vida??? O conceito ou a idéia de dar errado, eu acho, é mais baseado na opinião dos outros do que na nossa. Veja: por mais que você seja feliz com a vida que tem, se não está enquadrado nos padrões sociais daquilo que os outros pensam necessários para uma vida boa e que deu certo... já era!! E isso vale para todas as áreas: Se você trabalha com o que gosta, mas não ganha grana com isso... não serve!! "Porque é necessário dinheiro para ser bem sucedido", diriam uns. Agora, se você trabalha no que não gosta mas ganha grana... também não serve!! "Porque é importante ser realizado com a sua profissão", diriam outros. Se você trabalha com o gosta e ainda ganha grana, mas não constitui família... não serve!!! "Porque ninguém pode viver sozinho, é importante ter filhos", diriam outros tantos. E por aí vai... Porra!!!! Tá difícil pra caralho agradar essa merda de sociedade!!! [com o perdão do vocabulário, mas é que isso me indigna] É muito complicado... julga-se a vida de uma pessoa conforme valores totalmente alheios à própria vida. Ora, não tem como dar errado... vida é sempre vida... com mais ou menos frustrações, mais ou menos sucessos, mais ou menos dificuldades... mas sempre dá certo, sempre está certa!!! Ora, se a felicidade é --e eu acho que é-- o elemento balizador para a vida ser considerada boa ou , certa ou errada não temos como julgar (se é que deveríamos julgar, mas o fazemos o tempo todo) a vida das outras pessoas. Não se pode julgar a felicidade! Ainda mais porque felicidade é momento... momentos felizes que, às vezes, a gente nem reconhece na hora... e ninguém sabe quantos desses momentos os outros precisam para ser feliz!! E muito menos do que precisam para se considerarem felizes!! Disso tudo, concluo: tenho é que parar de me importar com vida dos outros. Mas, mais do que isso, tenho é que parar de me importar com o que os outros pensam da minha vida!!! E, por outros, entendam o que quiserem...
Marcadores: 0 comentários | |
MEMÓRIAS
Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio que a morte de tudo em que acredito não me tape os ouvidos e a boca pois metade de mim é o que eu grito mas a outra metade é silêncio. Que a música que ouço ao longe seja linda ainda que tristeza que o homem que eu amo seja pra sempre amado mesmo que distante porque metade de mim é partida mas a outra metade é saudade. Que as palavras que falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor apenas respeitadas como a única coisa que resta a uma mulher inundada de sentimento porque metade de mim é o que ouço mas a outra metade é o que calo. Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada porque metade de mim é o que penso e a outra metade um vulcão. Que o medo da solidão se afaste que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que me lembro ter dado na infância porque metade de mim é a lembrança do que fui e a outra metade não sei. Que não seja preciso mais que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito e que o teu silêncio me fale cada vez mais porque metade de mim é abrigo mas a outra metade é cansaço. Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saiba e que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer porque metade de mim é platéia e a outra metade é a canção. E que a minha loucura seja perdoada porque metade de mim é amor e a outra... também! Ferreira Gullar [com duas adaptações de gênero]