MEMÓRIAS
Um dos piores sentimentos que existe é a injustiça. Não que a justiça ou a falta dela seja propriamente um sentimento. A questão é, em verdade, sentir-se injustiçado. Mas é pior ainda quando essa injustiça vem exatamente daquelas pessoas responsáveis pela aplicação da justiça... ou melhor, das leis. É... não podemos NUNCA esquecer que antes de qualquer outra coisa as pessoas são pessoas. E, portanto, são movidas por vários tipos de sentimentos, bons e ruins: medo, inveja, antipatia, orgulho. Assim é que se descobre que somos capazes de muito mais coisa do que imaginamos. Não basta fazermos a nossa parte... Conclusão triste: não se pode confiar em coisa alguma, NUNCA!
MEMÓRIAS
Eu fui ver o filme novo do Harry Potter --sim, eu gosto-- e, não sei o porquê, me deu uma tristeza. Assim... de repente. Não era porque o filme não atendeu minhas expectativas. Realmente não sei o porquê. Me deu uma saudade não sei de quê, uma tristeza que parece que não vai passar. Uma sensação ruim... como se eu nunca fosse ser realmente feliz de novo.  

Aí comecei a pensar em quando eu fui realmente feliz... ou seja, quando tive mais momentos felizes cumulados. E não foi quando a grana tava melhor, nem quando meus sentimentos estavam mais bem resolvidos. Foi quando eu trabalhava pra caramba, ganhando uma miséria, não tinha tempo pra quase nada e --ao mesmo tempo-- pra tudo que eu queria e precisava. Foi quando eu simplesmente podia dar um telefonema e ter um almoço fantástico, com as melhores conversas e conselhos que eu podia ter tido na vida. E o melhor --ou pior-- é que eu sabia que isso era muito bom e, de alguma forma, muito especial.
 
Uma vez, minha madrinha me disse uma frase que, na hora, eu questionei, mas que não esqueci até hoje. Foi uma coisa idiota. A gente estava conversando sobre um grupo de amigas com as quais eu estava saindo direto. Aí ela disse: faz um janta aqui em casa pra elas... aproveita enquanto estão assim, daqui há pouco muda. E eu [idiota] respondi: capaz... não vai mudar. Tipo... com uma delas não falo há anos; com outra, fiquei quase um ano sem falar e --ainda bem-- retomamos tudo...  Com quem não falo mais é minha madrinha... E, às vezes, não tem otimismo ou aparência que supere minha tristeza, saudade, solidão....  

Na real, acho que tudo isso foi por causa de uma audiência que teve hoje num processo que era nosso... algo como uma reação... como se eu --no fundo-- não quisesse encerrar essas coisas que ela começou. O dia em que me senti mais sozinha em toda minha vida foi o único dia que ela não podia estar comigo... como se eu, sozinha, não pudesse suportar tudo que me acontece. Como se eu só conseguisse porque ela estava junto... Isso vem do nada... e passa... do nada...  

Na verdade, não sei se realmente passa ou se um dia realmente vai passar... De fato, acho que a frase correta seria: "isso aparece do nada... e eu escondo... do nada.."
 
MEMÓRIAS
"a vida é uma sinuca, mas confio no meu taco... o meu borogodó, é do balacobaco!"
MEMÓRIAS
Eu não sei bem se vou conseguir me formar no final do ano, mas estava pensando na música, assim mesmo. Na formatura do Direito escolhi a música que, para mim, é a mais perfeita de todas para a ocasião: "Nada Será como Antes", gravada pela Elis. Agora, na História, pensei em colocar alguma coisa do Chico... aí desisti. Por dois motivos: primeiro, porque muita gente escolhe músicas do Chico na História; segundo, porque eu não encontrei uma que se encaixasse bem ao momento. Afinal, em formaturas, acho que ou a música tem que representar aquilo que tu estás sentindo, ou aquilo que tu és. No Direito, escolhi mostrar aquilo que eu estava sentindo e, na História, pretendo escolher mostrar aquilo que eu sou. Enfim... tinha meio que escolhido essa música, mas ainda tinha dúvidas. Eis que, em menos de 24h, cinco amigos meus disseram que eu sou maluca, sem saber que estava pensando em escolher essa música. Então....

"Nós, os malucos, vamos lutar  
Pra nesse estado continuar  
Nunca sensatos nem condizentes  
Mas parecemos supercontentes  
Nossos neurônios são esquisitos  
Por isso estamos sempre aflitos  
Vamos incertos
Pelo caminho  
Nos comportando estranhos no ninho  

Quando a solução se encontra, um maluco é do contra  
Mas se vai por lado errado, um maluco vai do lado  
Malucos, a nossa vida é dar bandeira ligando a luz da cabeceira,se a água pinga na torneira  
Malucos, a nossa luta é abstrata já que afundamos a fragata, mas temos medo de barata  

Nós, os malucos, temos um lema
Tudo na vida é um problema  
Mas nunca tente nos acalmar  
Pois um maluco pode surtar  
Os nossos planos são absurdos  
Tipo gritar no ouvido dos surdos  
Mas todo mundo que é genial  
Nunca é descrito como normal  
Quando o papo se esgota, um maluco é poliglota  
Mas se todo mundo grita, um maluco se irrita

Malucos, somos iguais a diferença e todos temos uma crença: seguir a lei jamais compensa  
Malucos, somos a mola desse mundo, mas nunca iremos muito a fundo nesse dilema tão profundo  
Malucos, a nossa vida é dar bandeira, ligando a luz da cabeceira,se a água pinga na torneira  
Malucos, a nossa luta é abstrata, já que afundamos a fragata, mas temos medo de barata."
 
[Rita Lee/ Fernanda Young / Alexandre Machado/ Roberto de Carvalho]
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MEMÓRIAS
Neste dia, acho que convém postar um texto mais ameno do que o anterior... Vai, então, uma crônica do Vinícius que, embora já deveras conhecida, é muito bonita e sincera.
 
Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos .
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências ...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles.
Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar.
Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer ...
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os.

[Vinícius de Moraes]
MEMÓRIAS
Estava eu, sem sono, às 5h30 da manhã. Preocupada porque o litro de água que levei para o quarto para tomar durante à noite havia acabado. Levantei, servi mais água e resolvi ligar a TV. A única coisa que não era religião ou tele-curso era um jornal. Aliás, esse jornal é o que eu mais tenho assistido nos últimos tempos de insônia freqüente. Agora o que me irritou a tal ponto que me fez levantar e vir escrever aqui foi uma propaganda do Ministério da Educação dizendo que o ProUni é uma revolução na educação brasileira

Cara.... qual é a idéia que essa gente tem de revolução? Veja: quando o direito à educação básica não era direito público subjetivo previsto em Constituição, a atuação do Estado era exatamente esta. Comprar vagas em colégios particulares para aqueles que ficassem excluídos da escola pública por falta de vagas e recorressem ao Judiciário. Ou seja, em vez de investir no aumento da vagas e na melhora da estrutura da escola básica, era mais barato e mais fácil, comprar vagas na rede particular. E lá se vão muuuuuitos anos. 

Pois bem... atualmente, o ensino universitário não é direito público subjetivo, ao contrário, ocorre segundo a capacidade de cada um (o que, no meu ponto de vista, torna o sistema de quotas inconstitucional por criar níveis distintos de avaliação dessa capacidade --mas isso é assunto para outra postagem). Assim, com o ProUni, a única coisa que o Estado está a fazer é retroceder mais de 70 anos na legislação educacional e repetir um modelo que já comprovou não dar certo. Está, em verdade, comprando vagas nas universidades particulares para aqueles que a universidade pública não consegue absorver. Ou seja, novamente, em vez de investir na estruturação e no aumento de vagas da universidade pública, compra vagas na rede privada. 

Isso é um absurdo que me indigna muito e mais ainda ter que ouvir na propaganda do Ministério da Educação que isso é uma revolução!!!! Ora ora ora.... pra cima de mim, não!
 
MEMÓRIAS
Sem inspiração há alguns dias, resolvi mudar a música que estava no meu orkut --porque não fazia mais sentido no meu momento atual. Pois bem... entrei no site da opus para ver a agenda de shows e vi que estava programado show com Tony Bennett. Cara... achei que ele já tinha morrido há séculos --coitado-- segue vivo! Aí lembrei de uma música que ele gravou e gosto muito... Smile. Pesquisando, pois, sobre a música... descobri que várias pessoas gravaram --até o falecido Michael. Lembro que ouvi como cena final de um filme velho que não sei o nome... e não consegui descobrir. Enfim... a música é linda, embora retrate um sentimento de resignação, uma falsa tentativa de ser feliz --ou aparentar sê-lo apesar dos pesares. Vamos lá, ei-la:

"Smile though your heart is aching  
Smile even though it's breaking
When there are clouds in the sky, you'll get by  
If you smile through your fear and sorrow  
Smile and maybe tomorrow  
You'll see the sun come shining through for you  
Light up your face with gladness  
Hide every trace of sadness  
Although a tear may be ever so near  
That's the time you must keep on trying  
Smile, what's the use of crying?
You'll find that life is still worthwhile
If you just smile
That's the time you must keep on trying  
Smile, what's the use of crying?  
You'll find that life is still worthwhile
If you just smile" 
 
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MEMÓRIAS
Cara!!! Fazia tempo que não ia tão mal em uma prova de português. Tá certo que até estava difícil, mas não justifica eu ter errado 07 de 36. Nunca fiz isso... talvez quando fiz o primeiro vestibular há muitos anos atrás... depois disso, nunca! Enfim... errei 07... fiquei arrasada! Mas isso quer dizer que acho que tenho que estudar mais português!


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EDIÇÃO POSTERIOR: 


um pouco mais alegre!!!! anularam muitas questões... no fim, errei só 03!!!!


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MEMÓRIAS
Às vezes não sei se sou eu que me impressiono com quase tudo, ou se as coisas são impressionantes mesmo. Seres humanos que são quase sempre racionais, em dados momentos, ficam totalmente fora da casa. E, normalmente, esses momentos têm mais a ver com sentimentos do que com qualquer outra coisa. O poder que uma paixão, um amor, desejo ou qualquer coisa semelhante têm sobre as pessoas é incrível. Tu podes ter 15 ou 55.... ou mais.... parece que a reação é a mesma. As dúvidas são as mesmas, a conduta é [quase] a mesma. A ansiedade, as decepções, as adivinhações, as interpretações de cada diálogo, cada e-mail, cada insinuação.... 

É bizarro pensar que podemos passar a vida toda e parece que isso não vai mudar nunca. É sempre exercício de futurologia, interpretação e silogismo lógico ao extremo.... várias possibilidades.... cada hora uma.... cada nova atitude, novo comentário traz conseqüências e interpretações várias: será que vai dai certo? será que não? ele me ama? me odeia? ou é só meu amigo? Não sei.... vai saber!!!! E acho que vamos passar a vida toda sem saber ao certo como essas coisas funcionam de verdade.
 
MEMÓRIAS

É estranho pensar como algumas coisas que a gente achava que iriam libertar, acabam aprisionando.... talvez por não serem as escolhas certas... Mas qual será? E como a reconhecer? Bom... só sei que, atualmente, na pior das hipóteses do rumo que a minha vida tomar, eu ganho liberdade novamente!!!! Liberdade de ter a vida e as escolhas todas pela frente de novo... e isso é muito bom! Não nego que é ruim por um lado... terei que renunciar forçadamente a algumas coisas, mas... dizem que aquilo que vem fácil vai fácil... então, não sei! Aliás, isso só vem a corroborar aquilo que me persegue por quase toda a vida: nada nunca foi fácil.
 
Realmente não sei o que vai acontecer... pela primeira vez em muitos anos... EU não sei o que vai acontecer!!! Entretanto, reitero, sou uma otimista incorrigível... então, acho que tudo vai dar certo no final!!! E o que for seje!

MEMÓRIAS

Esses dias me dei conta como, com o passar do tempo, as coisas mudam de sentido. Coisas que já faziam pouco sentido deixam totalmente de fazê-lo, outras adquirem um sentido diferente e outras, ainda, ganham sentido.... Bom ou ruim? Não sei. Só sei que é diferente. Às vezes, tu te aproximas de pessoas por circunstâncias e, quando elas deixam de existir, não faz mais sentido a proximidade... ou melhor, não faz mais sentido tentar recriar uma proximidade que não existe. 

Eu andava sentindo falta de debates relevantes, de falar sobre coisas que eu gosto, política, filmes de qualidade --ou de pouca qualidade, que, aí, criticamos essa falta--, mas falta de debater sobre assuntos que não fossem moda, balada ou Direito... falta de sentido, sabe? Estava sentindo falta de sentido. De poder falar sobre coisas que gosto e as pessoas não me acharem uma chata ou uma louca por realmente me preocupar com coisas que, infelizmente, não preocupam 99% da população.
 
Tenho algumas boas amigas com quem tenho valorosos debates.... mas são poucas. Por isso concordo cada vez mais com a opinião de uma amiga minha sobre nós: "somos todos inseridos, mas, não, enquadrados na sociedade". É verdade. E gosto mais desse tipo de pessoa. No fim, nessa procura por debates relevantes, descobri que sou uma pessoa de muita sorte, consigo isso dentro da minha própria família: um almoço familiar transforma-se em um debate interessantíssimo sobre as quotas na UFRGS, os rumos da UERGS, a crise econômica, a responsabilidade penal da pessoa jurídica ou o último filme do Almodovar. E isso é muito legal! Agora, infelizmente o bom nível do debate não se repete com todo mundo que conhecemos... e chego à conclusão de que é cada vez mais raro. Já me disse a mesma amiga que citei anteriormente que é por isso que temos de ter vários amigos, para suprir todas as nossas necessidades... hehehehe!!! Porque, geralmente, quem debate balada, não debate política e vice-versa. Mas eu gosto de conversar sobre os dois assuntos... então? Um amigo para cada circunstância? Desonesto isso, será? Não sei. Mas honesto comigo e com o que acredito. 

Ando me sentindo fazendo muito sentido ao lado das pessoas que estou hoje. Na real, acho que precisava de um pouco disso na minha vida para lembrar de quem sou, no que acredito e porque acredito. Pessoas com quem nem sempre concordo, mas com as quais se têm um debate tão interessante que é capaz de te fazer rever pontos de vista... dadas as argumentações. Pessoas dispostas a lutar pelos seus ideais e não só tentar fazer as coisas pelo jeito mais fácil (porque conhecem alguém ou qualquer outra coisa). Enfim... isso reitera meu eterno dilema: fiz Direito na PUC ao mesmo tempo que fazia História na UFRGS. Antíteses que resumem quem sou eu. Eterna contradição. Mas estou gostando muito de fazer sentido de novo... e cada vez mais perto da História que do Direito...

MEMÓRIAS
Por que as pessoas não conseguem se ver como realmente são? Acho que esse é um mal que acomete a maior parte da humanidade. Novamente as expectativas... expectativas que temos em relação a nós mesmos e que os outros têm em relação a nós. Cobranças que a sociedade e, às vezes, pessoas bem mais próximas, inconscientemente, nos impõem: muito gorda, muito magra, muito feia, muito bonita, estuda muito, estuda pouco, gosta disso, não gosta daquilo, e por aí vai. Acho que nunca teremos consciência da nossa própria realidade. Às vezes os outros [amigos] têm mais noção do que nós somos do que nós mesmos.

Ou melhor, acho que só nós mesmos sabemos quem somos --se é que realmente sabemos--, mas é importante sabermos como os outros nos vêem... porque é dessa forma que eles nos vêem que atuamos em sociedade. É dessa forma que as pessoas emitem opinião sobre nós, positivas ou negativas... com base no que aparentamos ser. Ninguém vê o que só nós sabemos, ninguém vê o que só nós sentimos... mas, às vezes, vêem coisas que nós não conseguimos --ou não queremos-- ver e acreditar que é verdadeiro. Por isso acho que os outros sabem mais sobre nós do que nós mesmos... porque eles sabem quem parecemos ser...

Aquilo que coloquei há um tempo atrás no meu perfil do orkut acho que vale bem para hoje e, certamente, exprime melhor essa situação toda do que eu... até porque é Fernando Pessoa, ora:  

"Como é por dentro outra pessoa  
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo  
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
 
Nada sabemos da alma Senão da nossa;
As dos outros são olhares,  
São gestos, são palavras,  
Com a suposição de qualquer semelhança  
No fundo."


E aí? Acreditamos ou não na opinião alheia? Talvez seja mais verdadeira do que a nossa sobre quem somos... afinal, reitero, para os outros, não importa muito quem realmente somos --já que eles não vão descobrir mesmo--, importa quem aparentamos ser... Será que o que importa mesmo na vida é aparência?

MEMÓRIAS

Acho que as pessoas, em sua maioria, são muito hipócritas. Dão opinião na vida alheia sem aplicar esses conselhos à sua vida. Presas em meio a expectativas irreais. Pura negação de uma morte que já estava pra lá de anunciada. Revolta por aquilo estar acontecendo consigo ao passo que tantas outras pessoas são bem resolvidas e vivem vidas aparentemente felizes com suas escolhas. Pronto. Toma-se uma atitude! Barganha. Quem sabe uma última tentativa? Lembras de tempos atrás?
 
A expectativa das respostas... ansiedade, agitação, falta de sono, de fome, de vontade, de tudo. Depois de um dia de espera... Não. Não é não e não tem mais espaço para negociação. Vem a depressão, então. Segue a falta de sono, de fome, de vontade... mas sem ansiedade, sem agitação. Só uma letargia que faz não querer levantar porque simplesmente não se sabe o que fazer da vida que vem pela frente, com expectativas concretamente destruídas. Afinal, uma coisa é anunciar a morte, outra é ter a consciência plena da sua ocorrência. 

Muito trabalho, muito trabalho. Trabalhar ajuda a não pensar muito no assunto. Tempo... tempo... tempo... Não muito tempo depois de tanto tempo, um dia, acorda e já consegue achar o dia lindo, pelo simples fato de ter sol e estar frio. Volta a comer. A vida vai seguindo seu curso. Mas algumas perguntas demoram mais tempo para serem respondidas. As respostas internas são lentas. O que fazer da vida agora? O que vai ser do futuro? Demanda esforço, para pensar e para agir. E isso demora... não tem jeito e cria outras expectativas, outras ansiedades e é isso que angustia.  

Veja: as cinco fases do luto, segundo o modelo da psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross, são: negação, revolta, barganha, depressão e aceitação. Mas e depois? Chega na aceitação. E o que faz com o resto da vida que tens que viver com tuas expectivas e sonhos destruídos? Como construir novas expectativas e sonhos é difícil... Mas será melhor isso que uma vida presa na fase um? Pura negação e ilusão? É.... acho que isso é burrice. Melhor reconstruir tudo de novo e de novo até que venha a próxima "morte".