MEMÓRIAS
Há um tempo atrás (um bom tempo atrás) eu vi um seriado e uma frase não saiu da minha cabeça: "A memória é uma narradora precária... não sei sei foi assim que aconteceu, mas foi assim que pareceu".
É sobre isso esta postagem inaugural: várias vezes, lembramo-nos de eventos de uma forma totalmente distorcida... e outras tantas vezes, com o passar o tempo, distorcemos o significado do nosso passado. Nunca ouviram a frase: "antigamente é que era bom: as crianças respeitavam os adultos, o dinheiro dava para pagar as contas, etc etc". MENTIRA!!! As crianças nunca respeitaram os adultos (podiam até temê-los) e o dinheiro do trabalhador nunca deu para pagar as contas!!! Assim, tem até gente que acha que na época da ditadura é que era bom!!! Bom pra quem?? Sei lá... acho que a vida nos leva a tanto lugares --física e emocionalmente-- que acabamos por mistificar o passado, tornando-o melhor do que realmente foi. Quando recebo aqueles e-mails direcionados a quem viveu os anos 80 --como eu-- me divirto horrores e sempre penso em como foi boa aquela época. Assim, inevitável concluir que acho muito sem graça a infância nos dias de hoje. Mas se formos pensar bem... não era tão divertido assim fazer prova com cheiro de álcool do mimeógrafo, nem ter que pesquisar horas na biblioteca até achar uma imagem para incluir no trabalho datilografado --imagem, esta, que teria de ser copiada em xerox p&b, apagada com borracha e colorida com lápis de cor. Da mesma forma, ouvi de uma amiga um pouco mais velha, que ela achava uma chatice a infância dos anos 80... que era muito melhor a dela: brincar na rua, fazer boneca de pano, sem televisão... Enfim, acho que a infância é um bom exemplo do quão precária é nossa memória como narradora: é um período tão simples e tão divertido (para a maioria das pessoas, pelo menos) que o tempo faz questão de eternizá-lo em nosso pensamento com a maior das nostalgias, transformando até o que não foi tão bom em algo delicioso de ser lembrado. Agora, muito cuidado com a memória!!!! Ela realmente é uma narradora precária. Por isso este blog: para não me deixar esquecer quem sou e o que penso...
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