MEMÓRIAS

Esses dias me dei conta como, com o passar do tempo, as coisas mudam de sentido. Coisas que já faziam pouco sentido deixam totalmente de fazê-lo, outras adquirem um sentido diferente e outras, ainda, ganham sentido.... Bom ou ruim? Não sei. Só sei que é diferente. Às vezes, tu te aproximas de pessoas por circunstâncias e, quando elas deixam de existir, não faz mais sentido a proximidade... ou melhor, não faz mais sentido tentar recriar uma proximidade que não existe. 

Eu andava sentindo falta de debates relevantes, de falar sobre coisas que eu gosto, política, filmes de qualidade --ou de pouca qualidade, que, aí, criticamos essa falta--, mas falta de debater sobre assuntos que não fossem moda, balada ou Direito... falta de sentido, sabe? Estava sentindo falta de sentido. De poder falar sobre coisas que gosto e as pessoas não me acharem uma chata ou uma louca por realmente me preocupar com coisas que, infelizmente, não preocupam 99% da população.
 
Tenho algumas boas amigas com quem tenho valorosos debates.... mas são poucas. Por isso concordo cada vez mais com a opinião de uma amiga minha sobre nós: "somos todos inseridos, mas, não, enquadrados na sociedade". É verdade. E gosto mais desse tipo de pessoa. No fim, nessa procura por debates relevantes, descobri que sou uma pessoa de muita sorte, consigo isso dentro da minha própria família: um almoço familiar transforma-se em um debate interessantíssimo sobre as quotas na UFRGS, os rumos da UERGS, a crise econômica, a responsabilidade penal da pessoa jurídica ou o último filme do Almodovar. E isso é muito legal! Agora, infelizmente o bom nível do debate não se repete com todo mundo que conhecemos... e chego à conclusão de que é cada vez mais raro. Já me disse a mesma amiga que citei anteriormente que é por isso que temos de ter vários amigos, para suprir todas as nossas necessidades... hehehehe!!! Porque, geralmente, quem debate balada, não debate política e vice-versa. Mas eu gosto de conversar sobre os dois assuntos... então? Um amigo para cada circunstância? Desonesto isso, será? Não sei. Mas honesto comigo e com o que acredito. 

Ando me sentindo fazendo muito sentido ao lado das pessoas que estou hoje. Na real, acho que precisava de um pouco disso na minha vida para lembrar de quem sou, no que acredito e porque acredito. Pessoas com quem nem sempre concordo, mas com as quais se têm um debate tão interessante que é capaz de te fazer rever pontos de vista... dadas as argumentações. Pessoas dispostas a lutar pelos seus ideais e não só tentar fazer as coisas pelo jeito mais fácil (porque conhecem alguém ou qualquer outra coisa). Enfim... isso reitera meu eterno dilema: fiz Direito na PUC ao mesmo tempo que fazia História na UFRGS. Antíteses que resumem quem sou eu. Eterna contradição. Mas estou gostando muito de fazer sentido de novo... e cada vez mais perto da História que do Direito...

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