MEMÓRIAS

Acho que as pessoas, em sua maioria, são muito hipócritas. Dão opinião na vida alheia sem aplicar esses conselhos à sua vida. Presas em meio a expectativas irreais. Pura negação de uma morte que já estava pra lá de anunciada. Revolta por aquilo estar acontecendo consigo ao passo que tantas outras pessoas são bem resolvidas e vivem vidas aparentemente felizes com suas escolhas. Pronto. Toma-se uma atitude! Barganha. Quem sabe uma última tentativa? Lembras de tempos atrás?
 
A expectativa das respostas... ansiedade, agitação, falta de sono, de fome, de vontade, de tudo. Depois de um dia de espera... Não. Não é não e não tem mais espaço para negociação. Vem a depressão, então. Segue a falta de sono, de fome, de vontade... mas sem ansiedade, sem agitação. Só uma letargia que faz não querer levantar porque simplesmente não se sabe o que fazer da vida que vem pela frente, com expectativas concretamente destruídas. Afinal, uma coisa é anunciar a morte, outra é ter a consciência plena da sua ocorrência. 

Muito trabalho, muito trabalho. Trabalhar ajuda a não pensar muito no assunto. Tempo... tempo... tempo... Não muito tempo depois de tanto tempo, um dia, acorda e já consegue achar o dia lindo, pelo simples fato de ter sol e estar frio. Volta a comer. A vida vai seguindo seu curso. Mas algumas perguntas demoram mais tempo para serem respondidas. As respostas internas são lentas. O que fazer da vida agora? O que vai ser do futuro? Demanda esforço, para pensar e para agir. E isso demora... não tem jeito e cria outras expectativas, outras ansiedades e é isso que angustia.  

Veja: as cinco fases do luto, segundo o modelo da psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross, são: negação, revolta, barganha, depressão e aceitação. Mas e depois? Chega na aceitação. E o que faz com o resto da vida que tens que viver com tuas expectivas e sonhos destruídos? Como construir novas expectativas e sonhos é difícil... Mas será melhor isso que uma vida presa na fase um? Pura negação e ilusão? É.... acho que isso é burrice. Melhor reconstruir tudo de novo e de novo até que venha a próxima "morte". 
 
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